2ª Roda de Conversa do projeto de extensão Memórias Sensíveis Brasileiras

Roda de Conversa do projeto de extensão Memórias Sensíveis Brasileiras sobre as memórias da habitação popular e das políticas de remoção. Dia 20/04/2023, quinta-feira, às 14h – Sala Amarela, 109, Térreo – IFCS/UFRJ.

Convidadas

Ana Paula Alves Ribeiro, professora Adjunta do da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da UERJ e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades da UFF. Cientista Social formada pela UERJ, com Mestrado em Ciências Sociais na UERJ e Doutorado em Saúde Coletiva, também na UERJ. Realizou Estágio Pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRRJ. Faz parte conselho curador e de redação do Museu Afro Digital Rio (UERJ), atuando como coordenadora a partir de 2019. Coordena o LEARCC – Laboratório de Experimentações Artísticas e Reflexões Criativas sobre Cidades, Saúde e Educação.

Ana Clara Chequetti, doutoranda em Sociologia pelo IESP-UERJ, com estágio doutoral no Departamento de Antropologia Social da Universitat de Barcelona (UB), Espanha. Graduada e licenciada em Ciências Sociais pela UERJ e Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UERJ. Diretora do filme Casas Marcadas.

Produções em debate

Quarto de Despejo: Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus (1960)

Carolina nasceu na cidade de Sacramento, interior de Minas Gerais. Ainda jovem foi para a cidade de São Paulo, em viagem feita toda a pé. Lá trabalhou como doméstica e, após engravidar do primeiro filho, teve que ir morar na rua. Até ser enviada para o terreno onde formaria a favela do Canindé, uma das maiores da capital. O local que também servia como lixão. Catando tábuas, madeiras, latão, papelão, e sozinha, ela construiu seu próprio barraco. Mulher, negra, solteira, favelada, Carolina viveu na favela de meados de 1937 até 1960. Amante da literatura, ela se denominava poetisa e registrou em diários a rotina da sua vida. Em 1958 os mais de 20 cadernos de Carolina foram descobertos pelo repórter Audálio Dantas (Grupo Folha) que, incumbido de produzir uma reportagem sobre a favela, decidiu publicar sua história. A obra vendeu mais de um milhão de exemplares e foi traduzida para mais de 14 idiomas.

Era o Hotel Cambrigde, de Eliane Caffé (2016)

Eliane Caffé é graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e cursou o mestrado no Instituto de Estética y Teoria de las artes da Universidade Autónoma de Madrid. Em 1997, dirigiu o longa-metragem, “Kenoma”; em 2003 o longa “Narradores de Javé” e seu terceiro longa-metragem foi “O Sol do Meio Dia” (2010). Com esses filmes, recebeu prêmios nacionais e internacionais. Em 2016 finalizou o longa metragem “Era o Hotel Cambridge”. Híbrido de ficção com documentário, o filme é um trabalho coletivo que envolveu o movimento da Frente de Luta pela Moradia (FLM) e estudantes de arquitetura. A ação se passa nas dependências de um hotel na capital paulista, ocupado por famílias sem-teto e refugiados da Palestina e da África. Os conflitos envolvem a insegurança de serem despejados e os diferentes modos de vida no ambiente comunitário. A encenação conta com atores profissionais e com moradores da ocupação.

Casas Marcadas, de Adriana Barradas, Alessandra Schimite, Ana Clara Chequetti, Carlos Moreira, Éthel Oliveira e Juliette Lizeray (2012)

O documentário aborda um processo ocorrido no Morro da Providência, durante a construção do teleférico que ligou a favela ao asfalto e que resultou na expulsão de moradores sem previsão de ressarcimento estatal. Para dar voz aos moradores, um grupo de alunos da oficina Recine filmou seus depoimentos sobre as remoções e como suas vidas estavam sendo afetadas pela política pública unilateral da Secretaria Municipal de Obras. O filme traça paralelo entre as intervenções atuais e as demolições feitas durante a abertura da Avenida Presidente Vargas, no Centro.

Coordenação: Roberta Guimarães (professora DAC/PPGSA/IFCS/UFRJ)
Organização: Paulo Vitor Ferreira (doutorando PPGSA/UFRJ)
Produção visual: Emily Bonagura (graduação Ciências Sociais/UFRJ)
Fotografias: Emily Bonagura, Gabriela Almeida, Nina Fontes, Nina Varella, Paulo Vitor Ferreira, Sylvia Bomtempo.

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