Territorialidade, políticas de preservação cultural e conflitos socioambientais nas “comunidades tradicionais” de Paraty e Ilha Grande

A pesquisa investiga os impactos das políticas de preservação cultural e ambiental sobre as chamadas “comunidades tradicionais” de Paraty e Ilha Grande, com foco nas tensões territoriais e conflitos socioambientais. A análise concentra-se na forma como as políticas de preservação, especialmente após o título de patrimônio misto concedido pela Unesco em 2019, afetam essas comunidades. Os conflitos territoriais emergem como um tema central, agravados pela coexistência de terras indígenas, quilombolas e caiçaras, em um contexto histórico de colonização e resistência. Além disso, o turismo na Baía da Ilha Grande, impulsionado pela rodovia Rio-Santos, traz desafios relacionados a projetos de desenvolvimento que ameaçam a conservação local e marginalizam as comunidades. Como resposta, as comunidades adotam estratégias de resistência e luta por seus direitos políticos, enfrentando as ameaças aos seus territórios e práticas culturais. A pesquisa se apoia em teorias sobre a tutela estatal e a territorialidade, destacando a importância de uma análise histórica e das dinâmicas de poder presentes nas políticas de preservação. A metodologia envolve uma análise crítica de documentos legais e administrativos, tratados como artefatos etnográficos que reconfiguram significados. Também será desenvolvido um estudo de caso sobre os conflitos territoriais envolvendo terras indígenas, quilombolas e caiçaras em Paraty e Ilha Grande. O objetivo é contribuir para a antropologia política, refletindo sobre as tensões entre a preservação do patrimônio e os direitos das comunidades tradicionais, além de discutir a noção de autenticidade cultural.

Responsável: Nina Fontes